domingo, 20 de setembro de 2009

MERCADO

Vale a pena ler....
Abs
Flávia Boni

Conhecimentos em sustentabilidade: uma tendência para todas as áreas
Segundo o relatório "Green Jobs: Towards Decent Wonk in a Sustainable,
Low-Carbon Word" (Empregos Verdes: rumo ao trabalho decente em um
mundo sustentável e com baixas emissões de carbono), da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), O Brasil já possui mais de 1 milhão
de empregos ligados ao desenvolvimento sustentável. No entanto, não
serão apenas os engenheiros, gestores e advogados ambientais,
agrônomos, ecologistas, engenheiros florestais, entre outros
profissionais verdes, que terão que trabalhar com sustentabilidade. No
futuro, os trabalhadores de todas as áreas da empresa deverão entender
esse conceito e ter consciência do impacto ambiental de sua função.

No início da década de 90, o conceito de sustentabilidade ganhou força
nas empresas, muito mais como uma discussão do que como prática.
Atualmente, a situação mudou, e elas começaram a se preocupar com a
questão, fazendo uma leitura sistêmica dos negócios, seja hoje, seja
no longo prazo. "A questão de sustentabilidade permeia a gestão do
negócio, do ponto de vista de governança corporativa, do alinhamento
dos proprietários ou da gestão do negócio em si. Isso envolve, de modo
geral, a questão processual; a operação em si; a inovação de produtos,
matérias-primas e embalagens; a seleção de fornecedores e, também, a
maneira que a embalagem ou até mesmo a composição do produto podem
interferir mesmo depois de consumido. Então, percebe-se que essa
questão é pra ser olhada por diversas perspectivas e usando diversos
tipos conhecimentos. É um problema interdisciplinar", explica Valter
Faria, professor de sustentabilidade e negócios, da Brazilian Business
School (BBS) .

Essa preocupação aumentou ainda mais com a pressão que existe hoje da
sociedade, como um todo, e do ponto de vista regulatório, como explica
Valter. Se antes apenas os ambientalistas pressionavam as empresas,
atualmente o consumidor começou a exigir selo de qualidade nos
produtos, coleta seletiva, entre outras práticas sustentáveis. "Uma
empresa de refrigerante, por exemplo, depende do nível de reciclagem
de sua embalagem. Não adianta ser apenas um produto econômico,
rentável e fantástico se ele vai gerar um problema ambiental no
futuro. A organização tem que se preocupar com a ida do produto e com
a volta de sua embalagem".

A pressão, no entanto, só tende a aumentar, já que até 2020 o conceito
de sustentabilidade estará mais presente e mais na prática do
indivíduo do que hoje, como conta Renata Spers, do Programa de Estudos
do Futuro da FIA (Fundação Instituto de Adminstração). "A preocupação
estará mais próxima do profissional e da empresa, seja qual for sua
atuação. É o conceito da sustentabilidade ganhando força. Hoje, isso
pode estar mais informal dentro da organização ou realmente pode estar
formalizado como uma carreira, de uma forma mais estruturada dentro da
empresa e até mesmo como uma área. Além disso, outra vertente aponta
que dentro de grandes organizações, a sustentabilidade se tornará uma
atividade formal".

Isso explica os dados da pesquisa Carreiras do Futuro, realizada pelo
Programa de Estudos do Futuro, entre outubro de 2008 e fevereiro de
2009, que apontou que, até 2020, empregos relacionados à
sustentabilidade e programas ecológicos estarão muito consolidados.
"Num rol de 30 profissões emergentes, a que apareceu em primeiro lugar
foi a de gerente de eco-relações. Essa pessoa deve se comunicar e
trabalhar com consumidores, grupos ambientais e agências
governamentais, desenvolvendo programas ecológicos de organizações",
aponta Renata, "hoje, existe um gerente de sustentabilidade, cuja
atuação é muito mais técnica e ligada realmente àquela atividade
ambiental. Essa profissão deve evoluir de tal forma que esse
profissional irá adquirir habilidade e uma visão mais ampla, para
agregar, também, atividades como comunicação, conhecimento de leis e
direitos nas áreas ligadas à ecologia, sustentabilidade, capacidade de
maximizar os negócios da empresa, além de saber fazer o meio de campo
entre a ela e a sociedade".

Entretanto, a pesquisa apontou, também, que a tradicional profissão de
engenheiro ambiental deve evoluir 81% até 2020, ficando à frente de
outras atividades como relações internacionais, lazer e turismo,
engenharia de alimentos, computação, farmácia e administração de
empresas. Além de engenharia ambiental, apareceram na pesquisa,
atividades relacionadas a Engenharia de Alimentos e engenharia
agronômica - ligadas à necessidade de um ambiente mais sustentável, à
redução de problemas com descartes e, dentro do próprio
desenvolvimento do produto, no processo, à redução de gases e outros
poluentes.

Apesar do crescimento dessas profissões ligadas à questão da
sustentabilidade, o professor Valter Faria, defende que, no futuro,
todos os profissionais deverão compreender o conceito de
sustentabilidade como uma relação interdependente que veio pra ficar.
"As atividades vão ser desenvolvidas com uma visão de interdependência
diferente e vão trabalhar, cada vez mais, com uma compreensão melhor
das relações entre as diversas atividades. O que é um desafio hoje. As
organizações têm uma falta de capacidade de diálogo entre os seus
funcionários e de compreender as funções que não são as suas. O
financeiro, por exemplo, tem que conversar com a engenharia, que tem
que conversar o recursos humanos e assim por diante. Isso tudo para
procurar a melhor solução. Os profissionais que tiverem essa
capacidade de ver o todo e de achar a melhor solução de sua parte, mas
respeitando e conhecendo os reflexos tanto dos processos antes de sua
atividade, como depois, farão a diferença no futuro. Eles serão os
profissionais do futuro".

O professor da BBS explica, ainda, que as empresas perceberam que
investir em sustentabilidade e, consequentemente, preparar o
funcionário para isso, gera capital e menos gastos no futuro. "As
organizações querem os seus engenheiros pensando em inovação e
produto, porque quando fazem uma embalagem usando mais material
biodegradável ou diminuindo a quantidade de material colocado para
preservar o produto, ela também está sendo mais econômica; quando
reutiliza subprodutos dentro da indústria, também está tendo que
comprar menos matéria-prima, e assim por diante. Tudo isso, partindo
de uma premissa de interdependência e sustentabilidade ao longo prazo,
minimizando risco de operação, de atuação e, inclusive, de
ineficiência".

Por meio de outras pesquisas realizadas pelo Programa de Estudos do
Futuro, Renata afirma que o Brasil já possui uma experiência muito
grande e um ambiente propício para ter essas atividades muito
desenvolvidas, além de uma vantagem em número de profissionais e suas
experiências. "Temos resultados que mostram que o Brasil apresenta de
fato uma vantagem competitiva com relação, principalmente, a produção
de novos combustíveis. Tanto ele pode evoluir e se tornar referência
para outros países por causa das competências, como pode ficar
defasado se não tiver um programa de treinamento, uma atualização.
Muitas vezes, o nosso país perde oportunidades porque não preparou as
pessoas adequadamente, além de não ter divulgado os programas e
desenvolvido tecnologias. Então, existe sim a oportunidade hoje. A
gente não pode se acomodar por causa disso e achar que está tudo
resolvido".

http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=11142

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