27/05/2009 - 01h05 Por Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental |
Não passa sequer uma semana sem que chegue à caixa de e-mails desta coluna a história de algum bem-sucedido empreendedor sustentável no Brasil. Sob tal nome ou título, encontra-se normalmente um indivíduo jovem (senão de idade, no espírito), com boa formação, forte capacidade de execução, inovador por vício e focado em negócios que já incorporam os princípios do triple botom line.
Ao contrário da maioria dos empreendedores brasileiros, que empreendem por necessidade, esses novos líderes verdes o fazem pelo gosto de explorar oportunidades. Não oportunidades do passado, mas do futuro que se comprazem de construir à frente dos outros. O que os distingue é que buscam o lucro sem abrir mão de suas crenças. Mais do que isso, lucram justamente por causa de suas crenças no paradigma de que é possível obter resultados financeiros com equidade social e conservação ambiental.
Um deles é Thai Quang Nghia. Fugido do comunismo no Vietnã, ele chegou ao Brasil em 1979, depois de ser resgatado, em alto mar, num barquinho de pesca, por um petroleiro da Petrobras. Empreendedor serial, muito ligado à natureza, ganhou fama no País, em 2003, ao criar a Góoc para fabricar calçados, bolsas e roupas a partir de pneus e lonas reciclados de caminhões. Hoje seus produtos estão em mais de 10 países. E ele quer tornar global a sua marca.
Curitibano de nascimento, sorocabano por adoção, Bento Massahiko Koike é outro personagem com história interessante. Aluno brilhante desde o colégio, quando inventou um submarino para duas pessoas movido por pedais, Koike se formou engenheiro aeronáutico pelo ITA de São José dos Campos, trabalhou no Canadá e fez pesquisa na Alemanha. Em 1995, fundou a Tecsis, segunda maior fabricante de pás para geradores de energia eólica. Com tecnologia 100% nacional, já comercializou mais de 13 mil peças em todo o mundo. Seu negócio segue literalmente de vento em popa. E o mercado só faz crescer.
A esse time, podem se juntar ainda outros empreendedores sustentáveis como o engenheiro carioca Cláudio Bastos, da Cbpak (embalagens biodegradáveis), Luiz Chacon da Super Bac (fertilizantes orgânicos) e Marcelo Rodrigues, da Amazon Dreams (biotecnologia). Hoje seus empreendimentos faturam respectivamente R$ 1,5 milhão, R$ 35 milhões e R$ 1,5 milhão. Daqui a quatro anos, devem gerar resultados estimados em R$ 10 milhões, R$ 300 milhões e R$ 5 milhões.
O horizonte promissor do negócio de Bastos encontra amparo no fato de que cada vez mais consumidores vão querer comprar produtos em embalagens feitas a partir de fontes renováveis (amido de mandioca, no seu caso) e não de isopor. O lucro certo de Chacon decorre da demanda mundial crescente por soluções biotecnológicas que assegurem a qualidade da água e a fertilidade do solo. A aposta de Rodrigues tem tudo para dar certo na medida em que mais empresas, em todo mundo, estão desejando adquirir compostos bioativos da flora amazônica, como o açaí, o ingá e o murici.
Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria IdeiaSustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade.
ricardo@ideiasustentavel.com.br
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