domingo, 24 de maio de 2009

A quem cabe planejar?

Qualidade de vida no trabalho - A quem cabe planejar?

May 22nd, 2009 by Alexandre de Jesus

Ao ler a matéria veiculada pela revista proteção (maio/09), pude deparar-me com o assunto sobre Qualidade de Vida no Trabalho, a quem cabe planejar?

Nesta matéria José Vieira Leite, professor, pesquisador e Doutor em Ciências Humanas (PUC-Rio), falas sobre concepção das idéias e execução das tarefas devem andar juntas nas empresas. Ai que entra o papel das relações públicas, pois, o planejamento estratégico não ocorre do nada. Ele acontece nas organizações num contexto socioambiental e sociocultural amplo e complexo.

O planejamento estratégico normalmente realizado pelas organizações é, em geral, a melhor fonte e o melhor ponto de partida para um planejamento de relações públicas com vistas a excelência e à eficácia da comunicação nas organizações, pois, é possível fazer uma análise ambiental externa, setorial ou de tarefa interna, chegando-se a um diagnóstico organizacional capaz de indicar pontos fortes e pontos fracos, bem como riscos de acidente e doenças do trabalho, ou seja, traçar um perfil da organização no contexto econômico, político e social, visando reduzir ocorrências de riscos a partir da análise de cenários e das oportunidades e ameaças advindas do macro ambiente.

Qualidade de vida no trabalho A quem cabe planejar? Concepção das idéias e execução das tarefas deve andar junta nas empresas

Você já parou para pensar se planejamento estratégico faz sentido? Ainda não? Tudo bem. Saiba que você não é diferente da imensa maior parcela de todos nós. Sendo assim, vamos, em poucas linhas, tentar pensar juntos. Existe planejamento que não seja estratégico? Ou, dito de outro modo, planejar não é, em sim mesmo, um ato estratégico, seja qual for à magnitude humana em que se encontre localizado (isso valendo do planejar a compra de um pão para mitigar a própria fomo ao planejar a fundação do Banco Grameen para mitigar a fome de milhões de seres humanos)? Pensemos juntos ainda um pouco mais. Existe algo estratégico que não seja produto de planejamento? Por que, então, a expressão planejamento estratégico, uma tautologia – Vício de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas, a mesma coisa – é tão amplamente utilizada, na atualidade, para dar nome a um dos momentos mais significativos da gestão organizacional? Os motivos são muitos. Vejamos um deles, o que ajuda a compreender esse modismo.

SEPARAÇÃO Atualmente, a vertente deste enfoque de planejamento que permeia discursos e invade as salas de gestores e dirigentes, filia-se, a rigor, a um determinado modelo dominante nas organizações. Tal modelo, mantenedor da proposição central da Escola de Administração Científica, formulada por Taylor, tem na radical separação entre concepção e execução o seu principal pilar conceitual de sustentação. Ora, na ótica taylorista, tanto o universo do planejamento quanto o terreno do estratégico – que se situam na esfera da concepção – encontram-se reservados para um número extremamente restrito de destacados dirigentes. Neste cenário, resta para a grande massa dos dirigidos organizacionais a mera execução do que foi adrede mente concebido pelos que têm poder de decisão e participam do planejamento estratégico da empresa. Planejamento estratégico, nesta acepção, revela-se expressão adequada de delimitação de espaços de atuação dos atores sociais da produção.

INDICADORES O grand canyon existente entre os que pensam e os que executam nas organizações está na origem das mazelas organizacionais de nossa época: absenteísmo crônico; incidências de acidentes de trabalho; doenças ocupacionais; aposentadorias precoces…para ficar em alguns indicadores eloqüentes. Desta forma, a tão propalada Qualidade de Vida no Trabalho fica comprometida e situa-se no território dos desejos. Posto que em muitas empresas o lugar da concepção – planejamento estratégico – é território de poucos e o território da execução é terra da maioria, torna-se compreensível, por exemplo, por que o Brasil gasta, anualmente, em torno de 12 bilhões de reais com as conseqüências das doenças do trabalho. Excluir alguém do processo de concepção significa antes tudo, impedir o exercício da criatividade humana. Não poder criar significa relegar o homem a uma existência infra-humana, aquém de suas possibilidades, conforme sustentam pensadores como Adorno, Arendt, Weil. Em outras palavras, a co-criação do mundo é concisão necessária, essencial mesmo, da finalidade existencial do ser humano. O incremento positivo da QVT passa, portanto, imperativamente, pela ampliação da participação de quem trabalha na concepção de seu trabalho. Menos Taylor, por certo, é mais QVT. Que assim seja!

Texto de José Vieira Leite Revista Proteção – 209 maio/09

FONTE:

http://hiperimagem.org/oqrp/2009/05/qualidade-de-vida-no-trabalho-a-quem-cabe-planejar/

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