quarta-feira, 24 de junho de 2009

Wal-Mart lança pacto pela sustentabilidade
Iniciativa visa melhorar a eficiência socioambiental de toda a cadeia de suprimentos.
Contando com a adesão de empresas do porte da Cargill, Unilever, Nestlé, Bunge e os frigoríficos Marfrig, Friboi e Betim, o Wal-Mart assinou nesta terça-feira (23/06), em solenidade realizada em São Paulo, com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, um pacto para a construção de uma cadeia de suprimentos sustentável .“Este pode parecer o momento errado para pedirmos aos nossos parceiros maior compromisso com questões socioambientais, mas aqueles que se engajarem crescerão conosco”, declarou Mike Duke, presidente da cadeia Wal-Mart, ao propor um pacto de sustentabilidade a todos os seus parceiros no Brasil.
A iniciativa faz parte do programa que a empresa começou em 2005 para implementar mais eficiência socioambiental em suas operações, o qual prevê metas globais de redução de resíduos, diminuição de emissões de gases de efeito estufa, incentivo a produtos sustentáveis e melhor gestão e aproveitamento de água e energia. Agora, o Wal-Mart coloca todo o seu poder de influência, representado por uma rede de mais de 7.900 lojas em todo o mundo, abastecidas por mais de 100 mil fornecedores, para construir a cadeia de suprimentos do futuro.
Entre as ações adotadas pelo programa do grupo, constam a redução do uso de sacolas plásticas por seus consumidores (em 33%, até 2013, em todo o mundo e em 50% no Brasil), construções ecológicas, como em Neza, no México, onde o Wal Mart recupera uma área de depósito de lixo de 25 acres para nela instalar um ecoshopping, ou lojas ecoeficientes, como o Supercenter Campinho, no Rio de Janeiro (RJ), ou o Supercenter Morumbi, em São Paulo (SP).
Depois de realizar alguns encontros com seus fornecedores, a rede supermercadista elaborou uma proposta de um pacto para expandir essas ações por meio de compromissos conjuntos. Aos fornecedores que aderirem, a empresa garante boa visibilidade nas lojas, com comunicação específica quanto às qualidades e valores agregados do que está sendo ofertado.
O envolvimento dos mais de 2 milhões de funcionários também integra os objetivos estabelecidos e cada um deles foi convidado a formular seu Projeto Pessoal para a Sustentabilidade (PPS). “Sabemos que nossos clientes esperam mais de nós”, comentou Doug McMillon, presidente e CEO da base internacional. Por isso, a empresa se preocupou em avaliar os efeitos de suas atividades e percebeu a urgência de atuar junto com todos os stakeholders do seu negócio.
“Um estudo nos mostrou que tínhamos apenas 8% de impactos diretos em nossas operações e 92% indiretos. Assim, para realmente fazermos mais, precisamos disseminar as metas e ações por toda a cadeia produtiva”, detalhou Daniela Di Fiori, vice-presidente para Assuntos Corporativos e Sustentabilidade no Brasil. Internamente, a rede já trabalhava com três prioridades: utilizar 100% de energia renovável, não encaminhar nenhum resíduo para aterros (impacto zero) e ofertar produtos os mais corretos possíveis, do ponto de vista socioambiental e de preço.
Fechando ciclos
“Há uma necessidade absoluta de ação coordenada e conjunta, agora, com ética nas relações e respeito aos limites ambientais”, alertou Héctor Núñez, presidente do Wal Mart Brasil durante o ato de assinatura do pacto. Os compromissos assumidos baseiam-se em acordos setoriais, nas áreas da pecuária, madeira e soja, e pela erradicação do trabalho escravo ou análogo ao escravo. Todos os signatários concordam em não participar do financiamento, produção, uso ou distribuição de produtos que tenham qualquer ilegalidade em sua cadeia, tal como o desmatamento irregular.
O pacto prevê também a prática de compras responsáveis e a redução de resíduos, com destaque para a diminuição de embalagens. Para tanto, a empresa traz para o Brasil o sistema de indicadores de embalagens conhecido como Packaging Scorecard. O plano é chegar a ciclos fechados (end-to-end) de cadeias produtivas, nos quais a responsabilidade socioambiental está presente desde a extração da matéria-prima até a destinação final do produto, que de preferência deve ser a reutilização ou a reciclagem.
“Esperamos que todas as empresas façam isso”, disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, presente na ocasião para divulgar a campanha “Saco É um Saco”, promovida pela sua pasta, em conjunto com o Wal-Mart e o Instituto Akatu, para reduzir a utilização de sacolinhas plásticas.
“Estamos diante de um tempo com oportunidades extraordinárias. Temos de atingir metas precisas até a metade do século ou toda a humanidade estará em apuros. O Wal-Mart integra o grupo de empresas que são parte da solução”, comentou Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, que integrou o painel realizado na ocasião sobre “A Importância da Sustentabilidade na Cadeia Produtiva”, ao lado de Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu, e Andrew Winston, autor do livro O Verde Que Vale Ouro.
Mattar destacou os avanços nas expectativas dos consumidores brasileiros, que esperam e cobram ações mais rápidas no campo socioambiental e consideram as empresas como responsáveis pelos impactos que provocam. Winston, por sua vez, mostrou as vantagens em migrar para uma economia e modo de produção verde. Ambos concordaram que quem não for capaz de fazê-lo corre o risco de desaparecer rapidamente.
Pela redação da Envolverde / Edição de Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos)

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