sábado, 12 de setembro de 2009

Este texto retirado do site da ABQV, descreve sobre o trabalho e a vida pessoal, o que você faz?

Abs,
Flávia Boni



SOBRE CARREIRA E COMPETÊNCIA E O NECESSÁRIO EQUILÍBRIO ENTRE O TRABALHO E A VIDA PESSOAL

Zélia Miranda Kilimnik e José Henrique Motta de Castro
Em nossas pesquisas sobre âncoras de carreira realizadas com alunos de cursos de graduação e pós-graduação, a maioria tem apontado como âncora principal, aquela denominada por Edgar Shein (1993) como estilo de vida, que diz respeito ao equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional. O que não deixa de ser surpreendente, considerando que a perspectiva é de se ter que trabalhar bastante, no atual contexto empresarial, caracterizado pela redução dos empregos e pela conseqüente sobrecarga de trabalho.
Surpreende e, ao mesmo tempo, explica. A âncora estilo de vida revela um desejo, não necessariamente uma ação concreta no dia a dia ou uma meta já cumprida. Ou seja, esse equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho não é muito fácil de se alcançar e, neste caso, o ditado “querer não é poder” aplica-se muito bem.
 Fala-se muito, hoje em dia, acerca de competência no trabalho e o conceito de competência está muito relacionado ao exercício efetivo da capacidade, a colocar a nossa capacidade em ação, a obter resultados (ANABUCK, 2002, citado por RUAS, 2003).
 Significa, também, a capacidade de integrar múltiplos saberes, múltiplas habilidades (Le BOTERF, 1995). Podemos deduzir, então, que para alcançarmos o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, temos que ser, antes de tudo, muito competentes em termos de comportamentos e ações determinadas e concretas voltadas para transformar essa meta em realidade. É bom salientar ainda que tal equilíbrio necessita ser dinâmico, o que comporta alguns momentos em que se dedicará mais tempo ao trabalho e outros  mais tempo à vida pessoal (família, saúde, lazer, cultura, etc).
A dificuldade em se atingir esse nível de competência, o do equilíbrio dinâmico entre a vida pessoal e o trabalho, é algo que também deveria ser de interesse das empresas, numa tentativa sistemática de se encontrar soluções adequadas a cada realidade organizacional.
A médio e longo prazo, os ganhos que se obtém, quando as pessoas alcançam, ou se aproximam desse equilíbrio, muito provavelmente, serão muitas vezes superiores ao de quando elas se sacrificam e se desgastam continuamente em prol do trabalho, embora possam até apresentar melhores resultados no curto prazo. É certo que nem todas as empresas se importam com isso, pois muitas trabalham com elevada rotatividade de pessoal, mas existem outras que não podem atuar dessa forma, necessitando que seus funcionários estejam bem, física e psicologicamente.
São empresas pautadas por valores éticos e humanistas e/ou cujos clientes estão dispostos a pagar um pouco mais por produtos, ou serviços de melhor qualidade.
 Essas empresas deveriam começar por dar mais atenção à questão das férias, por exemplo, pois elas representam um dos principais mecanismos criados para se tentar equilibrar as demandas da vida pessoal e as do trabalho. Ou seja, quando um trabalhador consegue tirar férias de no mínimo 15 dias, duas vezes por ano, e fica realmente sem trabalhar, tem condições de se refazer do estresse e obrigações do dia a dia, tem condições de equilibrar um pouco sua vida.
 Sendo assim, a pessoa “respira” um pouco, cuida um pouco mais de si e de sua família, retoma amizades e se prepara para voltar com mais energia para o trabalho.
 É bem verdade que a nossa sociedade está se tornando altamente complexa. O celular e o computador insistem em nos perseguir fora do local e períodos de trabalho (o que inclui as férias). Portanto, outro aspecto importante da competência “equilíbrio dinâmico entre a vida pessoal e o trabalho” é não nos deixarmos levar por essas imposições tecnológicas, por esses automatismos, como o de verificar a caixa postal do correio eletrônico a cada momento.
O conceito de competência, de acordo com Le Boterf (1995) e Zarifian (2001), está relacionado à reflexibilidade e à capacidade de lidar com a complexidade e, situações como as que nos defrontamos em períodos que deveriam ser de relaxamento e descanso representam, ao contrário do que se poderia imaginar pelo senso comum, um grande desafio neste sentido.
A capacidade de lidar com o tempo nesses períodos, por exemplo, torna-se uma arte, já que vem se tornando quase rotineira a sensação de que o tempo está voando.
 Sendo assim, saber planejar torna-se essencial, o que inclui identificar as nossas prioridades e nos conscientizarmos da importância de se relaxar de verdade. É importante ficar claro que algumas coisas simplesmente não poderão ser feitas, pois senão caímos na armadilha de ficar com uma agenda de executivo: segunda de manhã, médico; à tarde, dentista; terça, manhã, supermercado; à tarde, comprar roupa; à noite, sair; na quarta, de manhã, ginástica; e depois, fazer aquela arrumação na casa. Na quarta, à tarde, quem sabe assistir a um cinema, às 15:40 horas. Sinceramente, percebemos que precisamos descansar, mas o que fazemos? Quando viajamos, programamos um passeio diferente a cada dia, além de intensa programação noturna, ou nos desgastamos com pequenos contratempos como atrasos de avião e mau atendimento nos hotéis ou pousadas. Com isso voltamos ao trabalho sem realmente estarmos refeitos, mais criativos e tranqüilos. Tudo isso leva a crer que é  inadiável equilibrarmos nossas vidas profissional e pessoal., revelando-se tal competência como cada vez mais importante para o mundo em que vivemos.
A “administração” dos tempos de folga do trabalho e a percepção do prejuízo causado pelo “excesso” de competência somente no âmbito profissional poderiam servir como pontos de partida nessa busca. Finalmente, vale lembrar que o conceito de sucesso na carreira atualmente está muito ligado ao equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, como muito bem expressa a seguinte reflexão, encontrada em site  da internet e atribuída a Einstein: “É um mito acreditar que o sucesso apenas profissional é medida de valor, que sem ele não há felicidade e, principalmente, que ele traz felicidade, já que:
1) muitas pessoas de sucesso não têm valor e muitas pessoas de valor não têm sucesso;
2) a  felicidade está dentro da mente, não fora e ela é estado de bem-estar, um estado de auto-aceitação, uma disposição a gostar das coisas, a capacidade de ligar-se à vida, fruir o que ela traz; as coisas melhores da vida estão ao alcance de quase todos;
3) Quem não tem sucesso, não precisa ficar esperando por ele para ser feliz.

Quem tem sucesso e sabedoria saberá apreciá-las também (porque não?) e aí verá que o resto não é tão relevante assim”.

Zélia Miranda Kilimnik (Doutora em Administração e professora da FUMEC/MG)
José Henrique Motta de Castro (Mestre em Administração e funcionário da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL)
http://www.abqv.org.br/artigos_leitura.php?id=10

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